quarta-feira, 21 de julho de 2010

Comunicação interna assertiva: participação, informação e tecnologia

As novas tecnologias, as transformações sócio-políticas-culturais e as posturas individuais e coletivas que delas decorrem influenciaram a gestão das organizações e o comportamento dos empregados, enfim, a vida das organizações, levando a mudanças na forma de se fazer comunicação interna.

Na Era Industrial, quando as organizações eram conservadoras, os indivíduos eram considerados recursos de produção, assim como o maquinário e o capital, para que atingissem a eficácia desejada, e a administração das pessoas era chamada de Relações Industriais.

Era uma época em que os instrumentos de comunicação interna eram descendentes, com pouca ou nenhuma participação dos empregados, esta às vezes restrita ao preenchimento de formulários de caixas de sugestão ou aos antigos jornaizinhos, que bem representavam a comunicação interna verticalizada e transmissional predominante na época. A comunicação externa era mais valorizada.

Em outras palavras, a comunicação interna caracterizava-se pela transmissão de mensagens centradas no paradigma de divulgação de informações e no modelo bipolar de comunicação, com ênfase basicamente no emissor, reconhecendo os instrumentos como a melhor forma de estabelecer o processo comunicacional.

Atualmente, a comunicação interna ultrapassa esse paradigma de transmissão e veiculação de informações via mídias impressa e audiovisual, e avança em direção a uma paradigma mais flexível, que conhece a troca de informações e a interação das expectativas como pontos centrais de uma comunicação dialógica.

Na Era da Informação, quando prevalecem organizações em rede, com equipe multidisciplinar, tem-se a valorização do capital humano e os departamentos de comunicação e os setores de recursos humanos são parceiros, buscando harmonia por meio do diálogo e defendendo o desenvolvimento organizacional calcado na transparência, na participação, na ética e no compromisso.

O capital humano é entendido como toda capacidade, conhecimento, habilidade e experiência individuais dos profissionais da organização. Representa mais do que a soma desses fatores e inclui a dinâmica de uma organização inteligente – aperfeiçoamento das habilidades dos profissionais, compartilhamento de experiências etc.

Novas formas de gestão e modernos modelos de estrutura organizacional, agora flexível e horizontal e, até, sem território, também alteram a comunicação interna, uma vez que as comunicações são moldadas pela estrutura organizacional e, portanto, continuam a moldar novamente essa estrutura. Se a comunicação segue a trajetória da estrutura organizacional, poder e liderança só têm significado porque se apóiam no processo de comunicação.

Hoje o empregado repete na organização o comportamento que tem como cidadão: exige informação e participação. Ocupa nova posição na estrutura organizacional e apresenta diferentes necessidades de informação e, apesar da impossibilidade da utilização total do quantitativo de informação adquirido, tende a solicitar mais. A crescente valorização do ser humano e da participação defendida pelas modernas teorias administrativas orientou as organizações para as pessoas e conferiu maior importância à comunicação organizacional.

Quanto maior a circulação de informações de qualidade, maior a oportunidade de participação, de conscientização, de comprometimento do empregado e de utilizar essas informações de forma útil ao negócio, o que melhora os resultados. O grau de participação no processo de comunicação gera em cada indivíduo uma reação, um sentimento, um mito ou fantasia, que vai direcionar seus atos e atitudes em relação à empresa. Participação é o reconhecimento e criação de oportunidades para o empregado envolver-se nas decisões dos processos e resultados e influenciar no desempenho da organização.

A circulação das informações contribui para uma maior participação de diferentes atores na estrutura hierarquizada das organizações, pois as informações circulam com mais intensidade e são tratadas de maneira mais coletiva. As novas tecnologias baseadas na interatividade, ao viabilizarem o tratamento e disseminação de grandes massas de dados, modificaram os contextos social e organizacional, criaram novas dimensões para uma comunicação simultânea e instantânea na organização e ampliaram os espaços de articulação entre os atores sociais e as oportunidades de envolvimento.

No campo virtual, o conceito de tempo é baseado no tempo real e a distância entre unidades de trabalho está diluída, com a possibilidade de reuniões sem presença física dos participantes, por exemplo, gerando um novo entendimento de espaço, o que se reflete no planejamento de comunicação interna, nos relacionamentos internos, nos mecanismos de participação do empregado, no retorno da organização aos questionamentos cotidianos dos seus membros e no alinhamento das ações do empregado para o alcance dos objetivos organizacionais.

Cabe à organização potencializar os recursos da tecnologia em favor da comunicação interna eficaz e do êxito organizacional, com base nas políticas globais. A comunicação interna é um processo de construção de sentidos e significados, e não mera transmissão de informações, cujos públicos destinatários são interlocutores sociais, por obra da própria atividade social e das relações de produção entre eles e a organização.

As novas tecnologias tornaram-se facilitadoras de todo o processo de comunicação interna, na construção e manutenção de relacionamentos entre organização e empregado, por meio do diálogo permanente, possibilitando uma comunicação de fato estratégica capaz de ultrapassar o patamar dos tradicionais jornais, murais e campanhas internas, que devem ser modernizados por meio de recursos tecnológicos. Através de um processo de comunicação interna inteligente e integrada, a organização pode tornar-se um espaço dinâmico que produz seu contexto e que se move em busca da perenidade e sucesso no mercado.

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